Nasa descobre bactéria que pode sobreviver sem fósforo


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FELISA WOLFE-SIMON
A pesquisadora que liderou a descoberta no Mono Lake, na Califórnia

Após muitas especulações, a Nasa anunciou, nesta quinta-feira (2), a “descoberta que teria impacto na busca de provas sobre a vida extraterrestre”. Trata-se de uma bactéria que consegue sobreviver utilizando arsênio no lugar do fósforo. Isso quebra um paradigma sobre o que é necessário para a vida. Até agora, eram listados seis elementos como essenciais para o metabolismo: carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, enxofre e fósforo. A descoberta mostra que é possível haver vida extraterrestre em formas não comuns na Terra.

"A definição de vida foi ampliada. Em nosso esforços para buscar sinais de vida no sistema solar, devemos pensar mais diversificadamente e considerar a vida em formas que desconhecemos", afirmou Ed Weiler, administrador associado da Nasa para a Direção de Missões Científicas, em Washington.

CC-BY por kla4067 e Divulgação NASA
MONO LAKE E A BACTÉRIA
O lago na Califórnia, rico em arsênio, apresentava características propícias para a busca de micro-organismos que pudessem se comportar de maneira diferente, em situações como a privação de um dos elementos considerados até agora essenciais à vida



A bactéria da classe Gammaproteobacteria foi isolada do Mono Lake, na Califórnia. No laboratório, em um ambiente sem fósforo, mas rico nos demais elementos necessários para a vida e em arsênio, o micro-organismo se desenvolveu e se multiplicou. Felisa Wolfe-Simon, a pesquisadora do Instituto de Astrobiologia da Nasa e do Serviço Geológico dos Estados Unidos que liderou a pesquisa, afirmou que fósforo e arsênio são elementos parecidos e, na ausência do primeiro, o segundo acabou se associando ao trecho do DNA em que o fósforo faltava. “Sabemos que alguns micro-organismos podem respirar arsênio, mas o que nós descobrimos foi um micro-organismo fazendo algo diferente do que conhecemos como vida – construindo partes de seu corpo com arsênio”, disse na entrevista coletiva organizada pela Nasa para o anúncio da descoberta.

O Mono Lake foi escolhido como um local para buscar seres vivos que poderiam comportar-se de maneira diferente por conta das características peculiares do ambiente: hipersalinidade e alcalinidade com alta concentração de arsênio. Felisa afirmou que seu interesse por “exceções às regras” a motivou a buscar organismos que se comportassem de maneira diferente.

A forma como o arsênio substituiu o fósforo foi demonstrado pelo biólogo da Nasa Steven Benner. Com correntes, ele explicou como a ligação com os átomos de arsênio é mais instável. Ou seja, acontece pela privação do fósforo. A pesquisadora Pamela Conrad completou afirmando que se trata de um elemento que pode ser “tolerado”. “A pergunta é: ‘Que outros elementos podem ser também tolerados?”

fonte: epoca.com.br

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