Conheça o Positivo Alfa, 1º leitor de livros digitais projetado no Brasil

Leitor digital deve custar entre R$ 650 e R$ 750, segundo fabricante.

Positivo Alfa

Positivo Alfa chega na próxima semana às lojas
brasileiras. (Foto: Leopoldo Godoy/G1)
Pode um gadget desenvolvido no Brasil enfrentar um nome americano que já virou praticamente sinônimo de uma categoria de produtos? A Positivo aposta que sim, e leva às lojas e livrarias do país, a partir da próxima semana, o leitor digital Alfa. Ele chega para concorrer com o Kindle, da Amazon, líder – com folgas – no setor de equipamentos que usam a chamada “tinta eletrônica” para reproduzir em uma tela a sensação de ler em uma folha comum, impressa.O G1 testou com exclusividade o aparelho. A boa notícia para o consumidor brasileiro: o produto “nacional” (as aspas se devem ao fato dele ser fabricado na China, como quase todos os eletrônicos hoje em dia) tem mais vantagens do que desvantagens em relação ao leitor vindo dos EUA. A má é o preço, que deve impedir, pelo menos em um primeiro momento, que os e-books mordam uma fatia considerável do mercado de livros no Brasil. Segundo a Positivo, o aparelho será vendido por um preço que deve ficar entre R$ 650 e R$ 750.Cada loja pode determinar sua estratégia de venda, o que faz com que o valor possa sofrer alterações. Na Livraria Cultura, que disponibilizará o produto já a partir do dia 10, ele vai custar R$ 700.Comente esta notícia

Mas para quem já estava reservando quantia semelhante para importar um Kindle 3 (com impostos e frete, ele chega aqui por cerca de R$ 550), vale a pena considerar o Alfa como opção. Se você, como a maioria dos brasileiros, gosta de ler livros em nossa língua portuguesa, saiba que o Kindle não é compatível com a maioria dos títulos vendidos digitalmente pelas livrarias de nosso país.

O aparelho da Amazon não lê arquivos bloqueados com o chamado DRM (sigla em inglês para Digital Rights Management ) da Adobe, padrão escolhido por um consórcio das maiores editoras brasileiras para proteger livros digitais de cópias não-autorizadas. O Alfa já vem preparado de fábrica para suportar esse formato, que prevalece em lojas como a Livraria Cultura e a Saraiva, por exemplo.

O contrário também é verdade: não é possível, pelo menos por enquanto, usar o Alfa para ler livros vendidos no acervo da Amazon. Digo “por enquanto” porque a Amazon tem demonstrado interesse em ampliar a venda de seus livros digitais, permitindo, inclusive, que donos do iPad consigam, por meio de um aplicativo, acesso ao conteúdo vendido na loja. Por ora, nenhum outro leitor com “tinta eletrônica” é compatível com o formato de arquivos do Kindle.

Cabe aqui uma crítica a estes sistemas: se a Amazon utiliza esse bloqueio para fechar seus consumidores em um “ecossistema”, o uso de tecnologia de DRM para evitar cópias ilegais de livros digitais acaba prejudicando o consumidor que age na legalidade. O “pirata”, ao quebrar esta proteção, passa a poder transferir a obra para qualquer equipamento. Já quem decide pagar honestamente pelo livro digital fica preso às opções de leitores compatíveis com o DRM da Adobe.

Acabamento e toque
Deixando a questão do cardápio de livros disponíveis de lado e passando para a análise do equipamento em si, o Alfa consegue, sim, superar o Kindle. Para começar, ele conta com tecnologia touchscreen, que permite que boa parte de suas operações sejam feitas por meio de toques na tela. O teclado é virtual, diferentemente do Kindle, “engordado” por uma série de botões que ocupam a parte de baixo do aparelho. Para virar páginas, por exemplo, basta arrastar o dedo pelo display.

A primeira sensação que se tem ao pegar o Alfa nas mãos é seu peso, ou, melhor dizendo, sua leveza. São apenas 240 gramas, uma fração ínfima da versão em papel dos cerca de 1.500 livros que ele é capaz de armazenar em seus 2 GB de memória flash interna. Se sua biblioteca for ainda maior, há a possibilidade de salvar até mais 32 GB de informações em um cartão microSD, vendido separadamente.

Mais leve e menor que o Kindle, o Alfa acaba sendo mais confortável para ler. É possível segurar o produto com apenas uma mão, algo que nem todo mundo consegue fazer com o Kindle. O contraste da tela é semelhante ao do concorrente americano, com uma vantagem importante: há um botão que permite a “limpeza” da tela, deixando o texto mais nítido. Isso resolve um dos problemas inerentes à tecnologia de “tinta eletrônica” e que incomoda alguns usuários mais exigentes: eventualmente parte das cápsulas utilizadas para formar a imagem da página lida previamente permanece na tela quando o usuário passa para o trecho seguinte. Essa “sujeira” pode ser eliminada com facilidade no Alfa, função que o Kindle não tem.

Positivo AlfaPortátil, aparelho é capaz de armazenar cerca de
1.500 livros. (Foto: Leopoldo Godoy/G1)

O ambiente gráfico desenvolvido pelos programadores da Positivo também é melhor que o usado no Kindle. Embora ambos utilizem sistema operacional semelhante, baseado em Linux, a “cara” dos menus de navegação do produto brasileiro é mais agradável e intuitiva. Um botão principal no centro do aparelho dá acesso a boa parte das funções do leitor: marcação e troca de página, criação de notas e acesso ao dicionário.

Esta última é talvez a mais interessante: selecione o ícone em formato de livro e o sistema pede que você “toque a palavra que deseja procurar”. Com o dedo, você aponta o termo, que tem seu verbete correspondente no Dicionário Aurélio exibido quase que instantaneamente na parte de baixo da tela. No Kindle, por exemplo, o dicionário presente só entende termos em inglês, e é preciso usar um botão direcional para encontrar a palavra a ser explicada.

Sem conexão
Mesmo surgindo quase três anos após o surgimento do primeiro Kindle, o Alfa ainda tem algumas deficiências na comparação com o modelo da Amazon. Quem está acostumado a comprar livros do e-reader da loja americana, por exemplo, vai se surpreender – negativamente – com o fato de que, para usar o Alfa, é preciso comprar uma publicação pelo computador, para só depois, via conexão USB, transferi-la para o aparelho. No Kindle, via rede de telefonia celular (ou Wi-Fi, no novo modelo), você compra sem precisar chegar perto de um PC.

A organização da biblioteca também é melhor no Kindle. O firmware, que vem amadurecendo desde o lançamento do aparelho em novembro de 2007, permite que se coloque os livros em pastas, o que facilita a vida de quem abusa da capacidade de armazenamento do e-reader. O sistema de buscas é outro ponto que precisa evoluir no Alfa. O Kindle realiza a operação com mais velocidade.

O Kindle leva ainda vantagem em termos de acessibilidade para pessoas com deficiência visual. O aparelho é capaz de transformar alguns textos em voz, que pode ser ouvida nos pequenos alto-falantes embutidos na parte de baixo do Kindle ou via fone de ouvido. O Alfa até tem um botão de áudio e uma entrada para fone, mas as funções foram desabilitadas na tentativa de conseguir que o aparelho ficasse claramente caracterizado como um leitor exclusivo de livros e conseguisse isenção tributária. O corte de impostos não veio, o que, no fim, acaba contribuindo para seu principal defeito, que é o preço elevado.

Positivo Alfa
Leitor digital da Positivo é menor e mais leve do que o Kindle.

fonte: G1

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